Júlio Maciel
Jacarecanga
Rebelde e forte, aqui, outrora se implantava
A taba indiana - aqui, onde a alma lua cheia,
Pródiga, a derramar em cachões a luz flava,
- Agora a estes casais a fachada clareia.
Quanta vez trom de inúbia, entrechocar de clava
Não vibrou pelo azul que sobre mim se arqueia!
Praia! o tropel da tribo em correria brava
Quanta vez não sentiste a sacudir-te a areia!
E embora tu, Passado, a lenda antiga escondas,
Eu sei que o amor também floriu aqui: - no treno
Da aragem, no marulho eloqüente das ondas, -
Parece-me inda escuto, em meio à noite clara,
- O selvagem rumor dos beijos de Moreno
E as falas de paixão da meiga Tabajara!
Os Grous
Por sobre a serra e o vale, a tribo aventureira
Dos grous em fuga passa a pleno firmamento,
- Libérrima e veloz, em compacta fileira,
Alto, a pompear ao sol o plumacho opulento.
Súbito, o vale e a serra atroa arma traiçoeira,
E, qual se a elas movera humano entendimento,
Eis as aves sustém infeliz companheira,
Que no ar rodou, fechado o remígio sangrento!
E enquanto um caçador, a carabina em pouso,
Faiscantes, presos no ar, os olhos como brasas,
A sua opima caça, abaixo, aguarda, ansioso,
Alto, a pompear ao sol, lá vão os grous em bando,
Irmanados lá vão! nas protetoras asas,
Espaço acima - o grou moribundo levando!
Rebelde e forte, aqui, outrora se implantava
A taba indiana - aqui, onde a alma lua cheia,
Pródiga, a derramar em cachões a luz flava,
- Agora a estes casais a fachada clareia.
Quanta vez trom de inúbia, entrechocar de clava
Não vibrou pelo azul que sobre mim se arqueia!
Praia! o tropel da tribo em correria brava
Quanta vez não sentiste a sacudir-te a areia!
E embora tu, Passado, a lenda antiga escondas,
Eu sei que o amor também floriu aqui: - no treno
Da aragem, no marulho eloqüente das ondas, -
Parece-me inda escuto, em meio à noite clara,
- O selvagem rumor dos beijos de Moreno
E as falas de paixão da meiga Tabajara!
Os Grous
Por sobre a serra e o vale, a tribo aventureira
Dos grous em fuga passa a pleno firmamento,
- Libérrima e veloz, em compacta fileira,
Alto, a pompear ao sol o plumacho opulento.
Súbito, o vale e a serra atroa arma traiçoeira,
E, qual se a elas movera humano entendimento,
Eis as aves sustém infeliz companheira,
Que no ar rodou, fechado o remígio sangrento!
E enquanto um caçador, a carabina em pouso,
Faiscantes, presos no ar, os olhos como brasas,
A sua opima caça, abaixo, aguarda, ansioso,
Alto, a pompear ao sol, lá vão os grous em bando,
Irmanados lá vão! nas protetoras asas,
Espaço acima - o grou moribundo levando!
JÚLIO BARBOSA MACIEL (1888-1967)
Nascido em Baturité, cursou Direito na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Em 1925, participou da eleição do jornal O Povo para escolher o primeiro Príncipe dos Poetas Cearenses, mas foi derrotado pelo Pe. Antônio Tomás. Publicou Terra Mártir (1918) e Poemas da Solidão (1943). Em Poemas Reunidos, de 1986, toda a sua obra foi republicada. Morreu em Fortaleza.
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