Américo Facó
Os Sátiros
De corpos nus, por entre a espessa mata, o bando
Dos Sátiros se interna em constante procura:
Ora um se adianta, além, na intrincada espessura,
E ora outro mais se afasta - olhos fitos, buscando...
Esse, que tem no lábio o rubescente e brando
E esplêndido frescor de uma fruta madura,
Abre o lábio a sorrir.. Vendo aquele a frescura
De uma corrente, bebe a água que vai rolando...
Soa ao longe um rumor! O ardente bando, à espreita,
Aquieta-se. E por fim, loiras, nuas, aflantes,
VÊm as Ninfas, a rir, descuidosas, sem vê-los...
E os Sátiros, que à sombra esperavam na estreita
Passagem, de repente erguem-se - e os mais amantes
As prendem, lhes cingindo a cintura e os cabelos...
Ilusão do Inverno
Sonho o inverno - eis o inverno: eis a chuva que chega!
E a terra eis como um ser que ressucita! o orgulho
Da vida corre após do carvalho ao tortulho.
O aguaceiro de abril vales e campos rega.
E a flor! E o fruto! E o aroma! - Aves, no doce arrulho
- Um Desejo que busca e um Pudor que se entrega -
Vão a fugir, casal na amorosa refrega.
Aos regatos ouvindo o constante marulho.
A sementeira farta abrolhando no rudo
Paul da terra é tão rica e tão boa! A setembro
Hemos tê-la sem par... - Mas o torpor sacudo:
Ilusão! Que é ilusão isso tudo, me lembro!
- A terra, estéril jaz sem produzir - e em tudo
O implacável calor deste sol de novembro!...
AMÉRICO DE QUEIROZ FACÓ (1885-1953)
Nasceu em Beberibe, transferindo-se, em 1910, para o Rio de Janeiro. Publicou poemas em vários períodicos de seu tempo, como no Jornal do Ceará e no Álbum Imperial, de São Paulo. Em 1951, renegando tudo o que produzira no Ceará, publicou Poesia Perdida.
De corpos nus, por entre a espessa mata, o bando
Dos Sátiros se interna em constante procura:
Ora um se adianta, além, na intrincada espessura,
E ora outro mais se afasta - olhos fitos, buscando...
Esse, que tem no lábio o rubescente e brando
E esplêndido frescor de uma fruta madura,
Abre o lábio a sorrir.. Vendo aquele a frescura
De uma corrente, bebe a água que vai rolando...
Soa ao longe um rumor! O ardente bando, à espreita,
Aquieta-se. E por fim, loiras, nuas, aflantes,
VÊm as Ninfas, a rir, descuidosas, sem vê-los...
E os Sátiros, que à sombra esperavam na estreita
Passagem, de repente erguem-se - e os mais amantes
As prendem, lhes cingindo a cintura e os cabelos...
Ilusão do Inverno
Sonho o inverno - eis o inverno: eis a chuva que chega!
E a terra eis como um ser que ressucita! o orgulho
Da vida corre após do carvalho ao tortulho.
O aguaceiro de abril vales e campos rega.
E a flor! E o fruto! E o aroma! - Aves, no doce arrulho
- Um Desejo que busca e um Pudor que se entrega -
Vão a fugir, casal na amorosa refrega.
Aos regatos ouvindo o constante marulho.
A sementeira farta abrolhando no rudo
Paul da terra é tão rica e tão boa! A setembro
Hemos tê-la sem par... - Mas o torpor sacudo:
Ilusão! Que é ilusão isso tudo, me lembro!
- A terra, estéril jaz sem produzir - e em tudo
O implacável calor deste sol de novembro!...
AMÉRICO DE QUEIROZ FACÓ (1885-1953)
Nasceu em Beberibe, transferindo-se, em 1910, para o Rio de Janeiro. Publicou poemas em vários períodicos de seu tempo, como no Jornal do Ceará e no Álbum Imperial, de São Paulo. Em 1951, renegando tudo o que produzira no Ceará, publicou Poesia Perdida.
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