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Location: Fortaleza, Ceará, Brazil

Saturday, September 02, 2006

Antônio Furtado

A Colméia

Sob a umbela e o frescor de armo bosque olvidado,
Num recanto de selva, entre lírios e glastos,
Havia um tronco ancião, desnudo, abandonado
Gigante, ergendo no ar os fortes membros vastos.

Nele - negro espinheiro, anoso, esburacado,
Gazil, veio poisar, entre os vermes nefastos,
Um enxame de abelha. E, no cerne esvurmado,
Um cortiço se ergueu sobre os tecidos gastos.

Um rude lenhador, que ali passou, um dia,
O tronco derribou, vibrando a acha que fulge,
E o claro mel colheu, dentre a cera sombria.

E, em troca, a áurea colméia, em bando inquieto e loiro,
Cercando o lenhador, brilha, zumbe, refulge,
E envolve-lhe a cabeça em uma auréola de oiro.



ANTÔNIO FURTADO BEZERRA DE MENEZES (1893-1939)
Natural de Quixeramobim, publicou apenas História Azul (1921). Foi poeta marcadamente parnasiano.

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