Caio Cid
Paudarco
Paudarco gigantesco! Pelos traços
lembra um deus milenar, rude e iracundo,
que detivesse, de repente, os passos
e ali ficasse contemplando o mundo.
Preso pela raiz ao chão profundo,
a fronde a farfalhar pelos espaços,
bebe a seiva nutriz no solo imundo,
mas para o céu é que levanta os braços.
Prometeu vegetal, brame, se estorce
e, por mais que proteste e se esforce,
não se libera da imobilidade.
Acorrentado ao pedestal da serra,
embalde é o sonho de fugir à terra,
o anseio de galgar a imensidade.
Paudarco gigantesco! Pelos traços
lembra um deus milenar, rude e iracundo,
que detivesse, de repente, os passos
e ali ficasse contemplando o mundo.
Preso pela raiz ao chão profundo,
a fronde a farfalhar pelos espaços,
bebe a seiva nutriz no solo imundo,
mas para o céu é que levanta os braços.
Prometeu vegetal, brame, se estorce
e, por mais que proteste e se esforce,
não se libera da imobilidade.
Acorrentado ao pedestal da serra,
embalde é o sonho de fugir à terra,
o anseio de galgar a imensidade.
Carlos Cavalcanti, CAIO CID (1904-1972)
Nascido em Pacatuba, foi poeta, contista e cronista, tendo exercido intensa atividade de jornalista nos periódicos da capital cearense. Foi homenageado com um concurso de crônicas, organizado pelo Ideal Clube, que recebeu seu nome.
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